Para nossa primeira
postagem, publicaremos a Biografia de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.
Luiz
Gonzaga do Nascimento nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara,
na cidade de Exu, filho de Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus (Mãe
Santana). Desde sua infância o pequeno Gonzaga namorava o fole de oito baixos,
instrumento este, executado por “Pai Januário” no qual começou seus primeiros
acordes.
“Luiz de Januário” como era conhecido na
infância, aos 8 anos de idade substituiu um sanfoneiro que teve alguns
problemas ao se apresentar na festa tradicional no terreiro de Miguelzinho na
Fazendo Caiçara, no Araripe, Exu. Luiz Gonzaga tocava radiante porque era a
primeira noite que se apresentou com a permissão de “Mãe Santana”. Naquela
noite ele recebeu pela primeira vez o cachê de 120$000 rés.
Em
1915 nasce no Iguatu, Ceará, Humberto Cavalcanti Teixeira que mais tarde se
tornaria parceiro de Luiz Gonzaga. Em fevereiro de 1921 nasce em Carnaúba,
distrito de Pajeú das Flores, José de Sousa Datas Filho que posteriormente se
torna parceiro de Gonzaga. Em 1926 nasce em Gravatá, Pernambuco, Helena das
Neves Cavalcanti, futura esposa de Luiz Gonzaga. Antes de Luiz completar 16
anos ele era conhecido no Araripe e em toda redondeza. Aos 17 anos o filho de
Januário apaixonado por Nazarena, filha de um Alencar. O padrasto da jovem, o
senhor Raimundo Deolindo, resolve impedir o namoro. Luiz Gonzaga magoado com a
situação resolve encará-lo. Por causa da sua amada, Gonzaga levou uma surra de
Dona Santana, por causa do seu atrevimento com o senhor Raimundo, fugindo de
casa em 1930.
Caminhando
a pé cerca de 65 km de Exu ao Crato, chegando lá Luiz Gonzaga vende sua sanfona
por 80:000 rés. Em julho de 1930, quando chega a Fortaleza e alista-se no 23º
Batalhão de Caçadores do Exército, servindo no Rio Grande no Sul, Minas Gerais,
Paraíba, Pará, Ceará, Piauí, Belo Horizonte, Campo Grande e no Rio de Janeiro.
O soldado de nº 122, ganha fama no Exército e um apelido: “Bico de Aço”, por
ser um excelente corneteiro. Deu baixa no Exército em Minas Gerais, o dia 27 de
março de 1939e viajou para o Rio de Janeiro, em seguida para Exu. Então,
começou a ganhar a vida tocando no Mangue, comprando sua primeira sanfona
branca em São Paulo, desde então, só usa sanfona branca até o final de sua
vida.
Em
1940 Gonzaga conhece o guitarrista português, Xavier Pinheiros, e forma dupla
tocando no Mangue e nas casas noturnas (cabarés), do Rio de Janeiro. Gonzaga
recebe um convite de Genésio Arruda, para acompanhá-lo numa gravação na RCA
Victor. Logo em seguida é chamado para gravar um disco solo: grava dois, e nos
cinco anos seguintes, Luiz Gonzaga grava cerca de 30 discos. A partir de 1941,
Luiz Gonzaga já tinha o titulo de MAIOR SANFONEIRO NORDESTINO.
Em
1942 Luiz Gonzaga começa a fazer sucesso nas emissoras de rádios, no ano de
1944 ele foi despedido da Rádio Tamoio e, logo em seguida foi contratado pela
Rádio Nacional. Recebe neste ano o apelido de “Lua”. Em 1945 Luiz Gonzaga
conhece o seu futuro grande parceiro, Humberto Cavalcanti Teixeira. Gonzaga
gravou seu primeiro disco em voz.
No
dia 22 de setembro de 1945 nasceu Luiz Gonzaga do Nascimento Junior, o
Gonzaguinha, fruto do amor de Luiz Gonzaga com Odaléia Guedes dos Santos,
cantora e bailarina profissional do coro de Ataulfo Alves. Sua convivência com
Odaléia durou 5 anos, sua esposa faleceu de tuberculose em 1952, quando
Gonzaguinha tinha 7anos. Em 1946 com Humberto Teixeira, Luiz Gonzaga compõe e
grava a primeira de uma série de 18 parcerias: NO MEU PÉ DE SERRA. O sucesso de
Gonzaga com esta música começa a ser enorme e ao mesmo tempo seu nome começa a
correr pelo mundo: Europa, EUA, Japão, etc. Neste mesmo ano Luiz Gonzaga
resolve rever a família, e chega a casa pela madrugada. Luiz Gonzaga com
Humberto Teixeira compõe a musica RESPEITA JANUÁRIO, em homenagem àquele homem
que foi responsável inclinação do “negrinho fiota” para a música. Em 1947 no
mês de março, Gonzaga gravou a musica ASA BRANCA, que foi inicialmente refutada
pelo diretor. A música ASA BRANCA começou a receber diferentes interpretações e
gravações em vários países.
No
dia 16 de junho de 1948 Luiz Gonzaga casa-se com a cantora Helena das Neves
Cavalcanti, no dia 05 de abril de 1949, Luiz Gonzaga soube a caminho, que no
dia anterior tinha começado em Exu um conflito político entre as famílias
Alencar, Sampaio e Saraiva.
Em
1949 Gonzaga conhece em Recife o médico José Dantas de Sousa Filho. Com o novo
parceiro, ele grava no dia 27 de outubro, o baião VEM MORENA e o FORRÓ DE MANÉ
VITO. E o Brasil se deliciava com a boa música do “negrinho fiota”, que saiu lá
das bandas do Exu para conquistar o coração dos brasileiros.
Em
1950 Lua recebeu dos paulistas o titulo de “REI DO BAIÃO”. Neste mesmo ano
grava a toada ASSUM PRETOe os baiões QUI NEM JILÓ e PARAÍBA, Gonzaga neste período está no auge
de sua carreira. A música PARAÍBA foi gravada por uma cantora japonesa Keiko
Ikuta. No ano de 1952 Luiz Gonzaga tentou projetar para todo Brasil, nos
festejos juninos o talento musical da família através das rádios Tupi e Tamoio
tendo como atração, OS SETES GONZAGAS: Seu Januário, Luiz Gonzaga, Severino
Januário, José Januário, Chiquinha Gonzaga, Socorro e Aloísio. Em 1952 grava o
ABC DO SERTÃO, VOVEZ DA SECA e a VIDA DO VIAJANTE. Neste mesmo ano Luiz Gonzaga
assume plenamente sua identidade nordestina, começando a usar o gibão de couro.
O Reio do Baião não parava, andava por todo o País catando e decantando o
Nordeste. No dia 11 de junho de 1960, Dona Santana, falecia no Rio de Janeiro
com a doença de chagas. A partir deste ano Luiz Gonzaga começa a ser esquecido
e faz um desabafo a Dominguinhos. Em 1961 Gonzaguinha estava com 16 anos, e
passou a morar com o seu pai. Luiz Gonzaga entra para a maçonaria e compõe com
Lourival Passos a música ALVORADA DA PAZ, em homenagem a Jânio Quadros.
Em
1963, o rei do baião gravou A MORTE DO VAQUEIRO, no ano seguinte grava a música
A TRISTE PARTIDA e faz uma homenagem a sanfona branca roubada, com a música
SANFONA DO POVO. Em 1966 Sinval Sá, lança um livro O SANFONEIRO DO RIACHO DA
BRÍGIDA, VIDA E ANDANÇAS DE LUIZ GONZAGA- REI DO BAIÃO, pela edição A FORTALEZA.
No ano de 1968, o compositor e versionista Carlos Imperial espalharam no Rio de
Janeiro que THE BEATLES acabara de gravar a música ASA BRANCA, mas não passou
de uma brincadeira. Em 1972 Luiz Gonzaga recebeu o titulo de “IMORTAL DA MÚSICA
BRASILEIRA”, pela TV TUPÍ do Rio de Janeiro. No dia 24 de março desse mesmo ano
Luiz Gonzaga fez uma apresentação no Teatro Carioca Tereza Raquel com o título:
“LUIZ GONZAGA VOLTA PRA CURTIR”, realizando-se assim, sua volta triunfal.
Naquela noite Luiz Gonzaga fez uma síntese falando de toda a sua carreira
musical e relato sua estima pelo estado do Ceará.
Em
1981 o rei do baião recebeu os dois únicos discos de ouro de toda a sua
carreira. No próximo ano Luiz Gonzaga vai tocar em Paris, ficando por lá cerca
de dez dias, conhecendo vários pontos importantes. Em 1985 é agraciado com o
troféu NIPPER DE OURO, uma homenagem internacional da RCA a um artista dela.
Gonzagão foi ladeado por Alceu Valença, Fafá de Belém, Morais Moreira e
Armandinho, entre outros artistas brasileiros que integraram o “Couleurs
Brésil”.
O
Rei do Baião desde pequeno trazia em seus lábios um sorriso sincero e, sempre
quando podia, gostava de brincar com os outros. Gonzagão conheceu e tocou em
todos os municípios brasileiros com mais de 400 habitantes, inclusive, tocou em
Sobral-CE quatro vezes. Tocou pela ultima vez nesta cidade, no dia 28 de
novembro de 1987.
A
última entrevista de Luiz Gonzaga concedida à imprensa foi no dia 02 de junho
de 1989. Recife foi o local escolhido por Gonzaga para passar seus últimos
momentos de vida. Seu último show foi no dia 06 de junho de 1989 no Teatro
Guararapes do Cetro de Convenções de Recife, onde recebeu homenagens de vários
artistas do país.
“Quero
ser lembrando como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que
catou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os valentes, os covardes,
o amor. Este sanfoneiro viveu feliz por ver o seu nome reconhecido por outros
poetas, como Gonzaguinha, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Alceu Valença. Quero
ser lembrado como o sanfoneiro que cantou muito o seu povo, que foi 6honesto,
que criou fil6hos, que amou a vida, deixando um exemplo de trabal6ho, de paz e
amor.
Quero ser lembrando como o sanfoneiro que amou
e cantou muito seu povo, o sertão; que catou as aves, os animais, os padres, os
cangaceiros, os valentes, os covardes, o amor. Gostaria que lembrasse que eu
sou filho de Januário e dona Santana. Gostaria que lembrassem muito de mm; que
esse sanfoneiro amou muito seu povo, o Sertão. Decantou as aves, os animais, os
padres, os cangaceiros, os retirantes. Decantou os valentes, os covardes e
também o amor. (...) Muito obrigado.”
Na
quarta-feira, 21 de junho de 1989, às 10:00 h, o velho Lua foi levado as
pressas ao Hospital Santa Joana: “VOCÊS NÃO ME LEVEM A MAL, SINTO MUITAS DORES
E GOSTO DE ABOIAR QUANDO DEVERIA GEMER.” E o Brasil todo ficava cada vez mais
preocupado com o estado de saúde de seu maior defensor. Luiz Gonzaga não resistiu,
o Brasil e o mundo ficaramenlutados com o seu último suspiro. Asa Branca da Paz
voava para a eternidade deixando um grande exemplo de vida a ser seguido.
O
Rei do Baião faleceu o dia 02 de agosto de 1989, às 05h15min min da manhã no
Hospital Santa Joana, em Recife. Foi na Veneza Brasileira que Luiz Gonzaga dava
seu último suspiro. Seu corpo foi velado na Assembleia Legislativa de Recife
nos dias 02 e 03 às 09h45 min da manhã, foi velado também em Juazeiro do Norte,
na Igreja Nossa Sen6hora do Perpétuo Socorro às 17h, local onde repousa os restos
mortais de Pe. Cícero Romão, apesar de o corpo do Rei ter chegado ao aeroporto
de Juazeiro Norte às 15h20minmin do dia 03 de agosto.
O
corpo do Rei do Baião chegou a sua terra natal, sua querida Exu no dia 03 a
noite. Foi velado na Igreja Matriz de Exu, durante a noite do dia 03 e todo o
dia 04, saindo para o sepultamento no Cemitério São Raimundo às 15h45minmin.O
corpo de Luiz Gonzaga foi levado no carro corpo de bombeiros, passando por
diversas ruas da cidade rumo ao Cemitério São Raimundo, local onde aconteceram
as últimas manifestações de carinho, àquele que só foi alegria. O caixão desceu
a sepultura depois que Gonzaguinha, Dominguinhos, Alcimar Monteiro e mais de 20
mil pessoas cantarem a música ASA BRANCA às 16h50min. O filho Gonzaguinha
depois de ter passado 15 dias em Exu falando aos amigos sobre a preservação do
Parque Asa Branca, veio a falecer subitamente por ocasião de um acidente
automobilístico na manhã do dia 29 de abril de 1991, morrendo no mesmo dia.
Em
1994 o cordelista Pedro Bandeira lança uma 2ª edição ampliada do livro LUIZ
GONZAGA, NA LITERATURA DE CORDEL. Em 1997 a Francesa Dominique Dreyfus lança o
livro VIDA DO VIAJANTE: A SAGA DE LUIZ GONZAGA. Ainda em 1997 o professor
Uéliton Mendes da Silva lança o livro LUIZ GONZAGA, DISCOGRAFIA DO REI DO
BAIÃO. No ano 2000 a professora Sulamita Vieira, lança o livro SERTÃO EM
MOVIMENTO – a dinâmica da produção cultural fruto de sua
tese de doutorado.
Amanda Canuto e Marília
Macêdo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário